quinta-feira, 22 de outubro de 2009

CATA BRANCA: Parte 1

A MINA DE CATA BRANCA(Fonte: Arquivo Publico Mineiro)
Apresentação A saga bandeirante em terras desconhecidas no Brasil colónia a partir do século XVI e o consequente desbravamento do interior do país marcaram a conformação do território e da sociedade brasileira. O desbravamento do sertão pelas entradas Paulista em território mineiro impulsionou a política extrativista da colónia. Dada a possibilidade de riqueza fácil e abundante, grande parte do território Paulista, mineiro e do centro-oeste foi explorado a golpes de enxadas e almocafres. Alguns testemunhos desse período ainda despontam na paisagem, sobretudo no Quadrilátero Ferrífero, onde não é raro se encontrar inúmeras ruínas e vestígios de construções dessa época. Vestígios silenciosos de tempos passados, essas construções muitas vezes foram alvo de depredação, se descaracterizaram ou quase desapareceram ao serem incorporadas à malha urbana e ao cotidiano local. Outras, entretanto, permanecem íntegras, resistindo à ação do tempo. Aparecem neste último contexto as estruturas abandonadas da Mina de Cata Branca, situadas na zona rural do município de Itabirito, em Minas Gerais, distante cerca de 50 km na direção sul de Belo Horizonte.

(Eu e minha noiva nas ruínas ) Em atividade desde a primeira década do século XIX e operando até meados de 1844, a Mina de Cata Branca pertenceu a uma companhia mineradora inglesa denominada The Brazilian Company Ltd., que explorava ouro nos idos de 1830. O encerramento prematuro de suas atividades devido a um acidente de proporções catastróficas findou um período de pujança econômica em Itabirito. A empresa The Brazilian Company Ltd. Aproveitando-se da legislação brasileira favorável à entrada de capital estrangeiro para o desenvolvimento da atividade de mineração, muitas companhias mineradoras foram constituídas, principalmente na Inglaterra. Dentre elas, a The Brazilian Company Ltd., fundada em Londres em 28 de Janeiro de 1833, detentora das minas de Morro das Almas, localizadas em Santa Bárbara, da Mina de Cata Branca, localizada na Serra de Itabirito, e da Mina de Arêdes, arrenda (ruínas 2009 CATA BRANCA) da no mesmo município. O Pico de Itabirito, em cujo flanco norte se situa a Mina de Cata Branca, serviu de marco para orientar as caravanas que adentravam por território mineiro na época colonial. Desde a sua conformação, a cidade de Itabirito caracterizou-se como ponto de apoio desses tropeiros, apesar de não ter sido capaz de atrair grandes investimentos e contingente como Ouro Preto até o oitocentos. A chegada da companhia inglesa e a implantação da Mina de Cata Branca iniciaram um novo ciclo na economia local, fundado na exploração do trabalho escravo e na extração aurífera. O auge da extração aconteceu sob a direção dessa companhia inglesa entre os anos de 1840 e 1844. A história da exploração na mina se inicia com os portugueses sob o nome de Buraco da Mônica, da qual teria se retirado muito ouro, segundo algumas notas tomadas por d’Osery, integrante da c (Mesmo Depois de quase 160 anos algumas paredes ainda resistem ao tempo)omitiva do Conde Francis Castelnau (1949) que visitou a Mina de Cata Branca em 1843. No relato de Rochus Schüch, austríaco que veio para o Brasil em 1817 na Comitiva Real da Princesa Leopoldina, tendo nela assumido as funções de bibliotecário e responsável pela coleção de minerais da Princesa e que morre no Brasil em 1844, visita a mina por volta de 1830 e relata que, ao analisar as amostras de minério retiradas de Cata Branca, podia-se constatar também a presença de ouro, prata e bismuto. Schüch, que é pai do futuro barão de Capanema, menciona que a mina pertencia a uma família pobre da terra. Schüch e Osery descrevem ainda que, em 1830, D. Rodrigo de Souza Coutinho, conhecido como Conde de Linhares, adquiriu a lavra, começando a desobstruí-la em seguida. Após os trabalhos preliminares, que consumiram cerca de dois anos de serviço, o Conde vendeu a concessão que lhe pertencia a um anglo-americano. Em novembro de 1833, encontrando a mina na condição de um imenso buraco, um comandante da Armada Real Inglesa assumiu os trabalhos, organizando a retirada das águas das galerias até um nível conveniente para depois introduzir e operar a melhor maquinaria do Império. Passando por diversas interrupções ao longo de seu período de atividades, seja pelos desmoronamentos e acidentes ocorridos ou pela precariedade de tecnologia e capital empregados inicialmente pelos primeiros exploradores portugueses, a Mina de Cata Branca começou a produzir ouro em escala industrial somente de 1840 a 1844. Os fatores que favoreceram essa mudança foram o massivo emprego de mão-de-obra escrava, a utilização de maquinário hidráulico especializado e, sobretudo, a forma de condução e administração dos serviços de mina pelos oficiais da marinha britânica da região de Cornualha. (continua ............)

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