terça-feira, 20 de julho de 2010

DO IMPERIO A SAUDADE.......

Nasceu, quase que por acaso, aos pés da Pedra da Saudade. Enorme formação de rocha vulcânica,com casinhas simples e cuidadas, encarrapitadas, cuja visão parecia ter inspirado a música Gente Humilde. Olhava a paisagem, sempre ao passar, queria um dia subir por aquela escadaria estreita e conhecer aquelas casas e aquela gente.Ainda eram os tempos dos carnavais nos clubes rivais da cidade.Era ainda uma menina de nove ou dez anos e já sentia nas veias o clamor dos ritmos e das melodias dos bailes de adultos.Na velha marcenaria na rua lateral à sua casa, seus primos, vizinhos e amigos reuniam-se para um batuque despretensioso. Olhava aquilo com olhos de sonho, querendo fazer parte de tudo. Mas, não a viam... Era uma menina dez, quinze anos mais nova, uma fedelha! Conformava-se, então, em observar de longe, com nariz torcido. Depois, os primos viriam sentar-se em seu alpendre ficar cheirando seus cabelos e ouvindo-a falar sem parar. Grande coisa, no final ela fugia de todos! Eram todos muito altos e, na maioria, moços e moças muito bonitos. Primos de sua mãe. Um festival de tez morena clara e olhos azuis ou verdes, que encantava!O tempo foi passando e os amigos fundaram uma pequena escola de samba, que foi denominada Império da Saudade. Assistiu cada passo do surgimento de uma brincadeira que virou coisa séria.
Hoje, a saudade impera em suas lembranças. Ela crê que não exista mais a escola de samba, o Império da Saudade. Mas não se esquece de seu primo Wander tocando o surdo imenso, duas vezes o tamanho dela. Não se esquece dos acordes que ele lhe ensinou no violão, foram os primeiros. Da música “Amigo é pra estas coisas” que ele gostava de cantar com ela. Um rapaz de coração imenso, do tamanho de seu corpanzil. Não se esquece de todos aqueles sorrisos. Todos jovens, aos pés da Pedra da Saudade... Não entende bem a sua ligação com as rochas, com as pedras. Sabe apenas que elas lhe transmitem vibrações boas ou não. Como a rocha ígnea, ela guarda sentimentos intrusivos* que adormecem sob a terra vermelha de minério de ferro e volta e meia vêm à tona pelos garimpos das mãos hábeis do destino...

3 comentários:

Claudinha ੴ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Claudinha ੴ disse...

Uau! Um texto meu aqui?

Olá também sou de Itabirito e este relato foi escrito movido pelas mãos da saudade. Valeu pela referência.

Citei aqui meus primos e meus familiares.

Conheci Sr Jarbas, amigo de meu pai e estudei (com) e fui amiga da filha dele, Ana Maria. Ele, sua esposa e meus pais faziam teatro nos anos 60, no antigo teatro da casa paroquial da Boa Viagem.
Um abraço!

Claudinha ੴ disse...

Uma correção: casinhas encarapitadas